Por mais mulheres reais nas fotografias de moda

A imagem da mulher na fotografia de moda tem mudado de maneira positiva de alguns anos para cá, impulsionada principalmente por marcas e publicações mais sensíveis à variedade – e dispostas a enfrentarem o status quo que muitas vezes elas mesmas ajudaram a construir. Ainda assim, a pluralidade de rostos e corpos femininos não é a regra.

Em um país como o nosso, em que 53% das mulheres se definem como pardas, negras, amarelas e vermelhas, a diversidade cultural precisa estar presente e ser a lei para nós que trabalhamos com imagem.

Além disso, há uma infinidade de tipos de corpos femininos, de medidas, tamanhos, larguras e alturas tão diferentes como cada uma de nós. A moda não pode mais se prender – e nos prender – a um único padrão.

As campanhas precisam olhar para frente, trazer novos ares e possibilidades. Elas devem nos libertar dos moldes, e não forçar cada uma de nós a encaixar a todo custo em um padrão pré-definido: do corpo curvilíneo, alto, magro, branco, europeu, que transborda sexualidade.

Mudança

No Brasil, infelizmente esse é o perfil feminino que ainda predomina nos meios de comunicação de massa. Por consequência, a imagem desta mulher ideal polui nosso imaginário e dificulta a aceitação do óbvio. Não podemos estreitar o foco a ponto de mirarmos apenas o inalcançável.

Os corpos, mesmo os mais esculturais, trabalhados em várias cirurgias plásticas, submetidos a dietas extremas e outras privações nada saudáveis não são talhados por códigos inacessíveis, por regras que forçam transformar o impossível em natural.

Liberte-se disso!

Claro, você pode ter a aparência e o corpo que quiser. Mas, desde que esteja claro que essa vontade é verdadeiramente SUA. E não algo de fora que lhe oprime.

Quantidade não é diversidade

Vivemos tempos paradoxais.

Nunca foi tão fácil e rápido produzir uma imagem. Segundo o Website Rating, 100 milhões de fotos são publicadas no instagram todos os dias! É uma quantidade inimaginável há 30 anos, quando a internet discada era o padrão, não havia smartphones, redes sociais e câmeras digitais eram extremamente caras.

Se o salto quantitativo foi colossal, a trajetória da diversidade ainda é percorrida a passos lentos.

Sim, o acesso chegou para pessoas que antes jamais teriam o prazer de se ver com frequência em uma fotografia. Contudo, quanto se parecem todas as selfies! Por mais diferentes que os rostos sejam, as poses, os ângulos, as caras e bocas são os mesmos. Sem falar nos filtros, nos cílios digitais, no clareamento automático dos dentes, nas maquiagens ao alcance de um clique...

É como se tivesse uma regra por trás dizendo como a imagem feminina deve ser – mesmo em um lugar tão cheio de vozes quanto as redes sociais.

Por outro lado, também foram nelas que surgiram os primeiros gritos por mais diversidade e liberdade de expressar quem de fato se é.

Para onde vamos?

Pela minha experiência como fotógrafa, observo que a padronização ainda vence o jogo. Porém, não mais por goleada.

Além de marcas e publicações mais atentas e abertas a abraçarem a mulher real – ou melhor, as mulheres reais –, vejo que aumenta o número de profissionais mulheres no mercado de produção de fotos, seja como fotógrafas mesmo ou nas várias funções de backstage.

Aos poucos, abre-se espaço para se elaborar uma imagem feminina sem objetificação, sem o onipresente apelo sexual, mais natural, sem maquiagem em excesso, roupas que ressaltem curvas etc.

Ou seja, que optam por uma publicidade que faça com que nos sintamos mais confortáveis em nossa própria pele. Fico muito feliz quando atendemos clientes com esta abertura aqui na Snapcomm.

Que mais empresas, profissionais e consumidores optem por esse caminho, que não vende a mulher como se ela fosse um produto também.

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